Como inicial,
pretendo demonstrar a importância do livro de Rui Barbosa nos dias atuais,
contextualizando temas com seu estilo próprio de argumentação. Com isso, começo
afirmando que são no total 3 (três) discursos com ênfase na eloquência não
retórica, conforme assinalado pelo mestre baiano.
O primeiro
discurso faz referência à sua posse em 1911 no Instituto dos Advogados
Brasileiros como membro, no caso é enfatizado com muitos argumentos sua
preferência do governo da palavra ao da força, verbis: "... a palavra é o instrumento irresistível da
conquista da liberdade." p. 29, neste momento ele demonstra como toda a
liberdade, ao contrário da ditadura prevalece com a palavra, não com a força.
No segundo
discurso, já como posse da presidência do mesmo Instituto em 1914, o doutor
soteropolitano declara sua guerra entre os atos meramente políticos e a necessidade de arbitramento pelo Poder
Judiciário, tratando com ironia aqueles que afirmam na ditadura jurídica. Uma
boa frase que elucida o discurso é: "Legalidade e liberdade são o oxigênio
e o hidrogênio da nossa atmosfera profissional." p. 51, nesse caso, ele
cita princípios socráticos de "A República" de Platão como norte da
realidade atual, sempre remitindo.
No último
discurso, uma grandiloquência apaixonada pelo Deus criador de todas as coisas,
ele mostra-se extremamente cristão, malgrado toda a opinião pública contrária
ao seu teísmo e dizendo que ele era ateu e até colava santos no sapato para
poder pisar. A argumentação funda-se em uma tricotomia muito bem explorada por
passagem, que está no patriotismo (ninguém é a pátria, todos a são), trabalho e
ideal, quanto a este último cita um parágrafo que demonstra sua opinião:
As formas políticas são
vãs, sem o homem que as anima. É o vigor individual que faz as nações robustas.
Mas o indivíduo não pode ter essa fibra, esse equilíbrio, essa energia, que
compõem os fortes, senão pela consciência do seu destino moral, associada ao
respeito desse destino nos seus semelhantes. Ora, eu não conheço nada capaz de
produzir na criatura humana em geral esse estado interior, senão o influxo
religioso. Nem o ateísmo reflexivo dos filósofos, nem o inconsciente ateísmo
dos indiferentes são compatíveis com as qualidades de ação, resistência e
disciplina essenciais aos povos livres. Os descrentes, em geral, são fracos e
pessimistas, resignados ou rebeldes, agitados ou agitadores. Mas ainda não
basta crer: é preciso crer definida e ativamente em Deus, isto é, confessá-lo
com firmeza, e praticá-lo com perseverança.
Assim, desperto
no mundo o interessante mundo de Rui Barbosa. A leitura é essencial para
compreender o estilo, o que é dos aspectos o mais importante; contudo espero
ter ajudado contemporâneos apressados a adquirirem a suma deste nobre saber que
pode auxiliá-los tanto no mundo jurídico, como cultura geral que nos instiga a
ver o mundo em época nem tão distante e entender problemas reais ou hodiernos,
como por exemplo: a ditadura forense.
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