Foto minha!
Começaremos com
a justiça canônica! Justitia dulcore
misericordiae temperata (justiça doce, temperada de misericórdia)"piedade",
p. 13, 15 e 20, esse conceito é nevrálgico para entender o primeiro julgamento,
pois pauta-se na consumação do crime, a qual implica misericórdia pelas circunstâncias.
"Amor e
morte nasceram irmãos, e [...] amor e crime.", p. 15, em mais um enlace
geral, o advogado pretende superar a dor, explicando a natural correlação entre
os dados.
"o crime é
a aberração da vontade humana,", p. 15, nesse caso, a vontade é tida por
pura e inabalavelmente correta, sua aberração é o crime. Conforme Rousseau, o
homem nasce bom e a sociedade corrompe-o.
Muitas coisas
são ditas no primeiro julgamento, porém o essencial é lembrarmos a relação
entre amor e crime, sobre paixão e sobre a misericórdia.
No momento, ele
fala sobre três amores: "amor sentimental", "amor sensual"
e "amor razoável" - o caso é de "amor sensual", p. 24; o
primeiro é simples, o segundo é pegajoso e o último trata-se do amor dos pais
que se unem complacentemente pela prole.
"O amor
[...] é um egoísmo a dois.", p. 45, isso significa que as pessoas amam-se,
tanto a si mesmas, quanto ao outro. O primeiro é o amor puro, ama só por amar; o
outro é o amor misturado, ama-o como instrumento do primeiro.
Enfim, o
primeiro caso. Defesa de crime passional. Fundamentando-se em clássicos
helenismos, Enrico Ferri propõe - praticamente - a salvação de um jovem
perdido, o qual previa retornar ao seio da mãe e recuperar a honra abatida,
pelo fulgor do amor predatório e desigual.
Em segundo
instante, mais um crime passional... Desta vez, guiado sim pelo amor, mas, pelo
fraternal! Ensinamentos do Sr. Augusto Murri, segundo caso, douto racionalista,
dedica-se estritamente à verdade, sem criticar a religião, quando - ao mesmo
tempo - fornece total autonomia aos seus filhos, logo é bom e justo senhor,
quem apazigua o lar, p. 79-82.
Na p. 93,
depois de diversos epítetos, o MP chama o acusado de hipócrita, o que é
contrabalançado por um advogado que revela seu cliente como veraz e justo,
praticamente um santo. Como isso é expresso? Com seu amor fraternal à irmã,
Linda Murri, p. 93.
"Está,
portanto, aqui documentada a generosidade desse homem,", p. 97. As
testemunhas dizem unissonamente que Tulio Murri (o acusado) é bom. "ele
não tem tendências congênitas para o mal, não é um perverso.", p. 102.
"Não há nele a menor tendência para o crime e, apesar disso, matou!",
p. 102.
Encontra-se a
causa formal do crime: a obsessão. "obsessão é produzida, unicamente, pelo
seu excepcional afeto pela irmã.", p. 106. Tulio recusa dinheiro,
precisando-lhe, p. 107-8, ele mostra-se um herói cavalheiresco, p. 109.
Quanto à causa
eficiente, há: desequilíbrio. Cartas passadas a Murri demonstram boa intenção e
desequilíbrio, p. 110-1, "o afeto pela irmã." é essencial, p. 112,
pervertido pela loucura ou à sua beira, o acusado luta por sua existência.
A causa final,
o crime; em caso de loucura pode ser: "zona intermédia" relatividade
para loucura, suicídio ou crime, p. 118-9. "obsessões" - terror
criminal, p. 119-21, possibilidades de estranheza, que levam a crime ou
suicídio. Enfim, invoca o quê? "da piedade e da compaixão!", p. 137;
"querendo ser justos, sereis humanos!", p. 138.
O terceiro caso
começa com uma bela tese geral: "raio de luz, que revela onde está a
verdade, onde está a falsidade e onde está a intriga.", p. 142, neste ato
revela-se o interesse pela clareza dos julgamentos públicos, em detrimento da
inquisição (sombria). Onde houve luz, houve "absolvição", p. 148.
Quanto ao
arcipreste A., a defesa torna-se uma acusação. P. 153. Nesta terceira defesa,
aprendemos a virtude do contra-ataque ou reconvenção, porque ela tem muito a
ganhar com tal exceção, p. 166.
Neste último
ato, Enrico Ferri enseja alucinante defesa técnica inspirada em exames
caligráficos, por causa de falsificações que teriam ocorrido contra Carmine
Fischetti, quem - alegando isso em defesa - foi considerado caluniador! Por
isso amargava prisão preventiva e precisava, sim, ter sua honra protegida, para
que a farsa fosse desfeita.
Em geral, o
primeiro caso, reporta à crime passional, assim como o segundo, com este
tendo-se pautada em amor fraternal, o primeiro em "amor sensual". O
amor e seus crimes... No terceiro fenômeno, ocorre calúnia por proteção ao
patrimônio: 04 letras de 5.000 liras, que o acusado se recusava a pagar.
Assim, o que
aprendemos? Além do risco de ser criminoso por amar, é necessário também tutelar
o patrimônio com elegância, para não se tornar um caluniador. Esforcemo-nos ao
máximo e tenhamos bom ânimo. Tempos difíceis virão, que lutemos com justiça e
caráter, em prol de nossos interesses. Obrigado por mais essa leitura, bom
proveito e até mais!
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