quinta-feira, 27 de junho de 2019

Tudo


O que é tudo? Gosto de inspirar-me na máxima cartesiana: “Cogito, ergo sum!”, o que significa: “Penso, logo existo!” A descoberta do pensamento em sua pureza, conforme Renato fez é o importante início de tudo.
Tudo está aqui, ali e lá. Há muitos tudos: o meu, o teu e o nosso! Isto é, seja lá o que for tudo... Varia conforme o sujeito.
Essa minha regra pautou-se em uma descoberta reversa ao oráculo de Delfos: “Oh, homem! Conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo!” Eis que reinterpretei com colimação facilitatória, pois não: Oh, homem! Conhece o universo e os deuses, o que restar é você. (Orochimaru).
Meu conceito é combinar dicotomias clássicas para que sejam bem aplicadas em nossa realidade, pois se não vejamos: o universo é toda a matéria e os deuses são todas as ideias. O que quer dizer que “o enigma de Apolo” resolve-se desta forma: o universo é o que vejo, os deuses o que penso, variando de sujeito para sujeito. Genial, não?
Assim, tudo é uma mistura de ideias e coisas que são retidas por uma pessoa. E o mais importante! “Tudo” é termo gramatical, ou seja, decorre da ciência humana em definir cada ser, logo esse saber é puramente humano, o que ratifica e chancela sua subjetividade aqui exposta.
É verdade que a ciência prima pela objetividade, porém... Qual? A objetividade de um cientista (sujeito). O que significa dizer que: há subjetividade pura, como a religião e a arte, contudo, objetividade pura “non ecsist!”, sendo o caso de consideramos sua relatividade, inerente à filosofia e à ciência.
Deste modo, tudo é um atributo subjetivo, mitigado (ou não) por objetos; sendo, pois, triuno, porque ainda há o principal: a relação!
Essa última observação, atributo místico de Albert Einstein, marca, ao certo, toda a natureza da vida moderna e pós-moderna. Por quê?
Porque a antiguidade é antiga (absoluta), enquanto a modernidade é moderna (relativa). Isso eu chamo de poesia conceitual, papo para outra hora.

Nada III


Perdido, esgotado
Nada
Encontro o achado
Lava

Fico buscando mais
Amada
Travo com os ramais
Nada

Rastreando os tais
Larga
Olhando para trás!

Nave
Escorrego nos sais
Lave

Brilhante Deus!


Na minha opinião, Deus existe na eternidade, sendo a bola de fogo, que fez o Big Bang.
A relação inicial ou clássica de qualquer atribuição é o terceiro princípio da lógica aristotélica: o terceiro excluído!
Essa regra implica considerar, no tempo finito – quando houve a grande explosão – tudo era o quê? A bola de fogo. Quanto a isso sempre me surgira a dúvida: “O que a precede?”, a bola de fogo precisaria de alguma fonte, o que (para a religião) é a mão santa do grande homenzinho que é Deus.
Ou seja, imaginava duas coisas: a bola de fogo partindo tudo objetivamente e Deus o ente subjetivo que teria criado, do nada, a coisa. Contudo, repensei e cheguei à minha brilhante conclusão!
Deus, religiosamente um sujeito, é na verdade um objeto, a bola de fogo. Por quê? Porque a relação entre tudo e nada é mínima ou absoluta, isto é, não é necessário que um ser místico tenha criado o Universo, concluí logicamente: havia nada (na Bíblia: “havia trevas sobre a face do abismo;”Gênesis 1:2, parte 2), então ao haver nada o que surge?
Tudo! Tudo é o exato consectário lógico de nada (explicação filosófica), assim na razão de que haja um terceiro excluído em lógica clássica ou primeira, é natural que do nada (identidade) tenha surgido tudo (não-contradição), com isso, excluindo a terceira hipótese... Tudo (a bola de fogo) explodiu!
Sendo certo que o nada é maior do que tudo (sendo seu além e aquém, transcendência e imanência) nada é o Deus de tudo – ou criador.
Essa minha idéia é norteada por meu próprio niilismo, quer dizer que eu acredito ser nada em essência profunda, por isso deve possuir remissão com as origens primárias, depois tudo que são as ambições e pretensões funcionam como aquela esfera quente (grande, interessante e brilhante).
Com isso, o que podemos aprender? É muito provável que tanto o criacionismo quanto o evolucionismo tenham razão, tanto pela subjetividade apurada do primeiro, quanto o objetivismo descritivo do segundo. Nessa esteira, acredito que em verdade, Deus seja nada – o que me faz pensar em um teísmo-ateu – e também tudo seja a ciência ou a modernidade, porque brilha na face do abismo que é o grande universo ou céu onde vivemos.

Felicidade na FAB


Eis que surge a questão... Como eu, um civil, posso ajudar a Força Aérea Brasileira. Li que muito discute-se sobre os equipamentos modernos a serem aplicados às missões com aeronaves remotamente pilotadas. Contudo, estipularei um padrão muito comum ao cristianismo, todavia inspirado nos dizeres do Dr. Marco Polo (personagem fictício do livro "O homem mais feliz da história" do doutor em psiquiatria, Dr. Augusto Cury).
Com isso, com a ênfase literária, o conceito aplicado é levar os 8 Códigos da Felicidade à FAB, para que então, além de cumprir suas missões (objetivo), tenham um corpo de militares subjetivamente satisfeitos (felicidade).
1º Código da Felicidade: "Felizes os que esvaziam seu ego, porque deles é o reino da sabedoria." O princípio aplicado está em não confundir a patente com estilo de vida, ou seja, se há um capitão lendo, ele não é nem superior ao tenente, nem inferior ao major, apesar da distribuição administrativa da disciplina e hierarquia. Desinflando seu ego, logrará a felicidade!
2º Código da Felicidade: "Felizes os empáticos, porque serão confortados." Aqui está no bem agir e tratar, pode ser como uma regra de etiqueta, porém o homem mais feliz da história estaria agindo porque sentiria a convicção de ser agradável com os demais, tanto os superiores, quanto os inferiores hierárquicos, além dos pares. Sendo gentil, pode-se conseguir muito mais!
3º Código da Felicidade: "Felizes os pacientes, porque herdarão a terra da emoção." A paciência ou longanimidade é uma virtude que exalta o humilhado! Poderia dizer que tua hora (militar) chegará, obterá a promoção desejada e - para os apressados - chegará o dia da reforma, o ponto é: tenha paciência!
4º Código da Felicidade: "Felizes os que têm sede de justiça, porque serão fartos." Aqui entra a sensatez e - parece-me - dose de idealismo. Aqueles que buscam a justiça no seu trato militar e civil, certamente serão fartos. Por quê? Porque a justiça é o único bem em si mesmo, isto é, quem a tem, tem algo; todavia aquele que não a possui, mesmo rico (ou brigadeiro), nada terá.
5º Código da Felicidade: "Felizes os que têm compaixão, porque serão abraçados." Para aqueles que sofrem na surdina e possuem problemas psicossomáticos plúrimos, eis uma ideia: cuide do próximo e ele cuidar-te-á de volta. Da mesma forma que não podemos fazer cócegas em nós mesmo, também não podemos nos tornar alegres sozinhos. Para Aristóteles, o homem é um animal político.
6º Código da Felicidade: "Felizes os transparentes, porque verão o invisível." A transparência é uma combinação de muito que já disse como empatia mais justiça, quer dizer que aquele que se interessa pelo próximo e é apaixonado pela verdade, alcançará a lucidez e - com isso - verá o invisível. Aquilo que não pode ser visto abrange ideias e emoções, as primeiras são importantes, as segundas são fundamentais!
7º Código da Felicidade: "Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos do autor da existência." Agora segue a máxima preposa: "Braço forte, mão amiga!" Para pacificar é necessário estar pronto (forte) e ser justo (amigo), para que a missão seja cumprida, mas não apenas a de um militar, mas de toda Força Aérea Braslieira, é necessário que os militares amem o Brasil e os brasileiros (tanto militares, quanto civis).
8º Código da Felicidade: "Felizes os que são perseguidos, injuriados e a quem mentem dizendo-lhes todo o mal." Quanto a isso, não há como falar melhor do que (na medida que os militares vivem na caserna), a perseguição entre os militares, é costume na formação, desligamentos e etc. O ponto é que aí nascem os líderes, aqueles que sobrevivem às caçadas inter-humanas ("O homem é o lobo do homem.", Tomas Hobbes) e... Quando vires, estará morrendo de alegria!
Eis que revelo o mistério desses códigos! São todos interpretações das boas-aventuranças (também chamadas de felicidades) de Jesus Cristo, no Sermão da Montanha! Dr. Augusto Cury através de sua ficção bem engrendrada, trabalha para que aprendamos com o mestre das emoções e sejamos surpreendidos por ele!
Assim, alimentados pela mais doce felicidade extraída diretamente do - dos mais adoráveis - mestre das emoções, acredito ter contribuído não só para as missões da FAB, como também para seus militares que são conditio sine qua non, para que o Brasil seja pacífico, alimentado pelo amor amplo e irrestrito e, enfim, sem injustiças!

terça-feira, 25 de junho de 2019

Ame


Ame, divirta-se, seja feliz! Esses poderiam ser os três passos para uma vida plena. Hoje dissertarei sobre essas nuances no mundo e como se aplicam. Bom frisar que países cristãos há principalmente na América e na Europa, o que é um detalhe razoável, por ser a religião do amor.
Agora surge a dúvida, por que certas nações são ricas e desenvolvidas, enquanto outras são pobres e miseráveis, uma noção reflexiva sobre o “eu” pode ajudar-nos.
Na obra brasileira “Vai lá e faz” de Tiago Mattos, aprendemos sobre os níveis de consciência que existem em nossa realidade, então farei uma correlação com as classes econômicas e depois com sua respectiva felicidade.
O primeiro é o eu-instintivo que trafega pelo mundo primitivo caçando e coletando. Acredito que eles possam existir na África Subsaariana, por causa de seu regime tribal, alguns mais animalescos poderiam chegar a esse nível.
No Brasil, as pessoas com estilo mais animal, dirigem-se ao eu-mágico, por quê? Porque mesmo que lhes falte comida ou substrato vital, todo brasileiro tem consciência sobre um bem maior que pode ser Deus ou não, mas – tecnicamente – permite-lhes encontrar uma relação (espiritual) com o mundo.
Depois, o eu-impulsivo, que já é um ser subjetivo, isto é, ele age conforme seus interesses em busca de poder, como descrito no livro. Acredito que seja o caso médio no Brasil, as pessoas estudam ou trabalham a fim de lograr as melhores posições, em busca de status e fama. É um pensar em si, mas pelo lado de fora.
Pensando-se pelo lado de dentro, temos o eu-regrativo, que é o meu caso! Alguém esforçado em distinguir o bem do mal, criando conceitos morais – o que em uma perspectiva mais radical – podem vir a ser jurídicos. Este modelo pensa em si mesmo e focado por dentro, como se apenas ouvir sua voz já fosse agradável, de tal forma que interioriza a fama.
Entramos agora no modelo americano ou das nações desenvolvidas. Primeiramente, cito o eu-vencedor, que poderia ser lido como o “lobo de Wall Street”, porque ele busca superar todos os demais. É parecido com o eu-impulsivo, todavia se distingue por sua esportividade, já este passará por cima do que for necessário para obter seu prêmio, diferenciando-se pelos modos.
O segundo superior é o eu-sensível, que o autor propõe como sendo nossa geração, ele é diferente do anterior por ser altruísta (não egoísta) e também passível de “me, me, me”, porque age conforme suas emoções, tendendo a entregar-se à realidade.
O próximo é o eu-integral, que – na minha opinão – parece com o eu-regrativo, porque ele seria objetivo (o que os distingue), contudo precisaria ser fomentada por infinitas partículas teóricas até formar um todo – integral.
Diferentemente do último, o eu-holístico, que é o próprio todo e – partindo da totalidade – ele atingirá novos patamares parciais, parecendo com o eu-sensível, ele ajudará os outros, porém com mais potência! Na medida e razão que está diretamente conectado com o todo.
O que aprendemos com isso? Muitas são as possíveis descobertas, porém o estilo individual, que permeará uma nação, ou seja, pessoas ricas farão nações ricas e vice-versa; é necessário amar para superar.
Os países mais pobres não têm amor, os em desenvolvimento amam a Deus (quer dizer que amam as perfeições absolutas), já os desenvolvidos amam seus próximos como a si mesmo (conforme amam as perfeições relativas).
E o que quero dizer? Quero dizer que podemos produzir um mundo rico ou pobre, no entanto a justa medida sempre será o Brasil.

segunda-feira, 24 de junho de 2019

Facilitando o Direito do Trabalho



Hoje trataremos de um tema especial da norma trabalhista, o adicional noturno. Para todo aquele que trabalha entre as 22 horas de um dia e 5 horas do seguinte (art. 73, § 2º da CLT) merecem receber o adicional em sua remuneração. Qual é seu valor?
É de 20%, pelo menos, sobre o mesmo trabalho em hora diurna. (Art. 73, caput da CLT).
E, enfim, há um detalhe a ser ponderado que é como se conta a hora noturna, é simples, basta calcular cada 52 minutos e 30 segundos como sendo uma hora (art. 73, § 1º da CLT), o que, ao fazer 7 horas, serão contadas (na remuneração), como 8 horas. Assim, protege-se o trabalhador do maior esforço noturno.
Aqui vimos uma pequena dica de como se beneficiar com a legislação trabalhista, agora... Lute por seu direito!

CLT - Consolidação das Leis do Trabalho

Mudando o Mundo


No livro "O Mestre dos Mestres", Augusto Cury exalta a personalidade de Jesus Cristo, sob o prisma de sua inteligência, com ênfase em: "Jesus, o maior educador da história". A obra traz diversos relatos da vida do Salvador, comparados com a vida contemporânea. Ele cita sobre a "alegria completa", p. 107 que teríamos vivendo sob a repetida escola de existência em detrimento da escola clássica (em classes).
No artigo da internet: "Os 3 Maiores Desafios da Humanidade no Século XXI", escrito por Solange Luz, são exemplificadas algumas mazelas de hoje em dia, quais sejam: "desigualdade social", "colapso dos recursos naturais" e "novo conceito de bem estar e felicidade". Esses julgados são todos conforme uma perspectiva social, em detrimento do individual, exceto o último porque felicidade é de uma pessoa, não de uma sociedade.
O que pretendo demonstrar aqui é a correlação entre os mistérios do cristianismo, na perspectiva ultracristã de Augusto Cury, cumulado com a contemporaneidade estrita de Solange Luz.
O conceito pode parecer simples, mas por sua singeleza derrubou poderosos, esse foi o Redentor da humanidade. Vamos esmiuçar os três problemas, o primeiro: desigualdade social. Quanto a esse penso em duas formas, a antiga e a moderna. A primeira faz referência à parábola dos talentos, onde está escrito: " Pois a quem tem, mais será dado, e terá em grande quantidade. Mas a quem não tem, até o que tem lhe será tirado." (Mt 25:29), já na segunda perspectiva, a sociedade - como dita por Augusto Cury e é senso comum - é competitiva, nunca vi haver dois campeões em um torneio, logo a tendência é a renda multibilionária sair dos oito citados por Luz, e chegar derradeiramente ao solista triunfante.
Segunda questão: colapso dos recursos naturais. Acredito primeiro que não fosse problema da época de Cristo, contudo seus ensinamentos se aplicam, pelo amor! Esse sentimento que leva ao altruísmo e a entrega, acabaria com o consumismo e levaria cada um de nós a salvar o mundo, o que pode soar óbvio, porém não vem sendo feito.
Enfim, em terceiro momento, novo conceito de bem estar e felicidade. O cristianismo é neutro quanto a isso, porque - conforme Cury - Jesus era livre por dentro, apesar de preso por fora (crucificação), se levarmos em conta a felicidade como filha da liberdade (por isso largo interesse internacional em ambas) então o cristianismo até chora (Jo 11:32-36), mas cumpre sua missão, o que produz o sentimento denominado alegria, uma emoção dos vencedores. Em Cristo ou não.
Assim, podemos medir a relação entre a tese cristã (histórica) e contemporânea (social). O cristianismo agravaria uma das disputas, resolveria harmoniosamente outra e seria indiferente na última. Podemos ponderar que Jesus queria não reformar a humanidade, mas produzir novos homens (Cury), enquanto nossa modernista pretende alterar a sociedade por fora - desigualdade (dinheiro), natureza (externa) e felicidade (egoísta). Podemos dizer, por final, o primeiro prometia mudar a essência do mundo, a segunda quer alterar acidentes (detalhes).

domingo, 23 de junho de 2019

Deus é Amor


Meu querido diário, hoje quero discutir a natureza de Deus, não absolutamente, mas como ser relativo ou igualmente a todos os demais.
Primeiramente, pensei que Ele seria o ser supremo, logo os demais são-lhe inferiores, cogitei que seriam sujeitos, como tais vivos e - em classes - conteriam os funcionamentos diversos que se complementariam.
Com isso classifiquei em quatro: vegetais, animais, humanos e - enfim - Deus. Os primeiros, aqueles firmes na terra deveriam ter alguma capacidade especial que mais nenhum teria, imaginei: eles crescem muito, tornam-se demasiadamente altos, parece uma boa virtude.
Os segundos comem - heterofagamente, outros seres vivos - e também locomovem-se, pareceram boas virtudes, que poderiam inclusive ultrapassar a de seus superiores: os humanos. Estes terceiros, após muito elucubrar, tive a noção de que em verdade o intelecto seu seria superior a todos os outros concorrentes.
Considerando os seres concretos (nossos inferiores e nós mesmos), aprendi que mesmo os inferiores possuem habilidades que são reduzidas em seus superiores; isto é, ser superior não significa ser melhor em tudo, mas em habilidades cada vez mais específicas e especiais, trabalhando em minha mente, o conceito de "densidade ontológica", porque cada um supera o alterno com uma crescente concentração de virtudes, o que na prática: altera seu gênero.
Com toda essa digressão, busquei compreender o incompreensível (o que costumo denominar milagre socrático, pesquisa de outro momento), quem? Deus! Este último não seria tão grande quanto uma árvore madura, não teria melhores instintos do que um animal, tampouco a inteligência de um ser humano, mas sim... 1 Jo 4:8 "...Deus é amor.".
Com isso descrevi analiticamente todos eles (exceto o último), vamos sintetizar. Os vegetais impetuosamente são altivos e buscam o céu (materialmente), os animais são ligados à prática e à rotina (alimentam-se e locomovem-se para tanto), os seres humanos - entidades teóricas e abstratas - possuem seu intelecto ímpar; contudo se Deus é amor, só sobra contar: não é impetuoso, prático ou teórico, mas sim uma emoção! Em outras palavras, sentir é divino.

sábado, 22 de junho de 2019

Resenha de Oração aos Moços de Rui Barbosa


Aqui apresento minha opinião sintética sobre a titular obra cívica. Conforme entendi, o autor mostra-se extremamente linear, moderado e equilibrado, além de terno pela natureza do discurso, o qual faz referência a paraninfo da Faculdade de Direito de São Paulo em 1920. Isto é, trabalho cívico datado logo após a primeira guerra mundial, com ênfase no intelecto de seu público: os moços.
Notei que seria organizável este lembrete crítico em nome do bem-vindo filósofo socrático, Aristóteles, precisamente quanto suas quatro causas metafísicas: matéria, forma, eficiência e fim.
A primeira está estampada nesta frase: "Vosso coração, pois, ainda estará incontaminado; e Deus assim o preserve.", p. 29, porque é a causa material? Simples, porque é sua premissa geral, no que se refere ao sujeito que entrará na lida diária, na medida que o homem é a matéria-prima da sociedade e - ainda virgem ou "incontaminado" - aqueles moços levariam seu coração ao império (apesar de República) da justiça.
Com isso surge, o critério formal, ele pode ser - muitas vezes - uma fórmula para que (se usada) forneça vantagem prática a quem a aprendeu, como resolver uma questão de matemática, a tábua exposta é: "A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam.", p. 39, eis um conceito geral com que o mestre auxilia seus moços.
Quanto à eficiência, temos sua mais célebre frase: "Mas justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta.", p. 53, em cogência contemporânea exulta a prática e o fazer, qualificando com atributos épicos ou heroicos, aquele que realmente faz algo e modifica (ou melhora) sua realidade.
Já no fim, ele exalta sobremaneira o teísmo, verbis: "Não há justiça, onde não haja Deus.", p. 59, este momento funciona como contra-fundamento, pois o primeiro é o moço, a segunda base da justiça é Deus, com isso, a largada e a chegada firmam pontos convergentes de sua opinião. Sendo o Criador, portanto, o objetivo do operador do Direito, tanto o magistrado quanto o advogado, classes citadas no livro.
Assim, temos a Oração pautada em encontrar o começo dos Moços, senão eles próprios e seu correligionário Deus na tarefa da justiça, com meandros de fórmulas teóricas e práticas para o sucesso da empreitada, o que torna esse discurso um sucesso da metafísica aristotélica. Não só isso, mas rico em eloquência, Rui Barbosa desenvolveu não uma obra literária, mas cívica, pelo futuro da juventude jurídica de sua e nossa época.

Referências
ARISTÓTELES. Metafísica. Tradução do português, textos adicionais e notas de Edson BINI. São Paulo: Edipro, 2012.
ARISTÓTELES. Metafísica - Volume 2. Edição bilíngue. Tradução do português, ensaios introdutórios (1º volume), comentário (3º volume) e notas por Giovanni Reale. Edições Loyola.

RUI BARBOSA. Oração aos Moços. São Paulo, SP: Martin Claret, 2004.

sexta-feira, 21 de junho de 2019

Resenha sobre os Discursos no Instituto dos Advogados Brasileiros e Discurso no Colégio Anchieta de Rui Barbosa



Como inicial, pretendo demonstrar a importância do livro de Rui Barbosa nos dias atuais, contextualizando temas com seu estilo próprio de argumentação. Com isso, começo afirmando que são no total 3 (três) discursos com ênfase na eloquência não retórica, conforme assinalado pelo mestre baiano.
O primeiro discurso faz referência à sua posse em 1911 no Instituto dos Advogados Brasileiros como membro, no caso é enfatizado com muitos argumentos sua preferência do governo da palavra ao da força, verbis: "... a palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade." p. 29, neste momento ele demonstra como toda a liberdade, ao contrário da ditadura prevalece com a palavra, não com a força.
No segundo discurso, já como posse da presidência do mesmo Instituto em 1914, o doutor soteropolitano declara sua guerra entre os atos meramente políticos e a necessidade de arbitramento pelo Poder Judiciário, tratando com ironia aqueles que afirmam na ditadura jurídica. Uma boa frase que elucida o discurso é: "Legalidade e liberdade são o oxigênio e o hidrogênio da nossa atmosfera profissional." p. 51, nesse caso, ele cita princípios socráticos de "A República" de Platão como norte da realidade atual, sempre remitindo.
No último discurso, uma grandiloquência apaixonada pelo Deus criador de todas as coisas, ele mostra-se extremamente cristão, malgrado toda a opinião pública contrária ao seu teísmo e dizendo que ele era ateu e até colava santos no sapato para poder pisar. A argumentação funda-se em uma tricotomia muito bem explorada por passagem, que está no patriotismo (ninguém é a pátria, todos a são), trabalho e ideal, quanto a este último cita um parágrafo que demonstra sua opinião:

As formas políticas são vãs, sem o homem que as anima. É o vigor individual que faz as nações robustas. Mas o indivíduo não pode ter essa fibra, esse equilíbrio, essa energia, que compõem os fortes, senão pela consciência do seu destino moral, associada ao respeito desse destino nos seus semelhantes. Ora, eu não conheço nada capaz de produzir na criatura humana em geral esse estado interior, senão o influxo religioso. Nem o ateísmo reflexivo dos filósofos, nem o inconsciente ateísmo dos indiferentes são compatíveis com as qualidades de ação, resistência e disciplina essenciais aos povos livres. Os descrentes, em geral, são fracos e pessimistas, resignados ou rebeldes, agitados ou agitadores. Mas ainda não basta crer: é preciso crer definida e ativamente em Deus, isto é, confessá-lo com firmeza, e praticá-lo com perseverança.

Assim, desperto no mundo o interessante mundo de Rui Barbosa. A leitura é essencial para compreender o estilo, o que é dos aspectos o mais importante; contudo espero ter ajudado contemporâneos apressados a adquirirem a suma deste nobre saber que pode auxiliá-los tanto no mundo jurídico, como cultura geral que nos instiga a ver o mundo em época nem tão distante e entender problemas reais ou hodiernos, como por exemplo: a ditadura forense.