sexta-feira, 21 de junho de 2019

Resenha sobre os Discursos no Instituto dos Advogados Brasileiros e Discurso no Colégio Anchieta de Rui Barbosa



Como inicial, pretendo demonstrar a importância do livro de Rui Barbosa nos dias atuais, contextualizando temas com seu estilo próprio de argumentação. Com isso, começo afirmando que são no total 3 (três) discursos com ênfase na eloquência não retórica, conforme assinalado pelo mestre baiano.
O primeiro discurso faz referência à sua posse em 1911 no Instituto dos Advogados Brasileiros como membro, no caso é enfatizado com muitos argumentos sua preferência do governo da palavra ao da força, verbis: "... a palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade." p. 29, neste momento ele demonstra como toda a liberdade, ao contrário da ditadura prevalece com a palavra, não com a força.
No segundo discurso, já como posse da presidência do mesmo Instituto em 1914, o doutor soteropolitano declara sua guerra entre os atos meramente políticos e a necessidade de arbitramento pelo Poder Judiciário, tratando com ironia aqueles que afirmam na ditadura jurídica. Uma boa frase que elucida o discurso é: "Legalidade e liberdade são o oxigênio e o hidrogênio da nossa atmosfera profissional." p. 51, nesse caso, ele cita princípios socráticos de "A República" de Platão como norte da realidade atual, sempre remitindo.
No último discurso, uma grandiloquência apaixonada pelo Deus criador de todas as coisas, ele mostra-se extremamente cristão, malgrado toda a opinião pública contrária ao seu teísmo e dizendo que ele era ateu e até colava santos no sapato para poder pisar. A argumentação funda-se em uma tricotomia muito bem explorada por passagem, que está no patriotismo (ninguém é a pátria, todos a são), trabalho e ideal, quanto a este último cita um parágrafo que demonstra sua opinião:

As formas políticas são vãs, sem o homem que as anima. É o vigor individual que faz as nações robustas. Mas o indivíduo não pode ter essa fibra, esse equilíbrio, essa energia, que compõem os fortes, senão pela consciência do seu destino moral, associada ao respeito desse destino nos seus semelhantes. Ora, eu não conheço nada capaz de produzir na criatura humana em geral esse estado interior, senão o influxo religioso. Nem o ateísmo reflexivo dos filósofos, nem o inconsciente ateísmo dos indiferentes são compatíveis com as qualidades de ação, resistência e disciplina essenciais aos povos livres. Os descrentes, em geral, são fracos e pessimistas, resignados ou rebeldes, agitados ou agitadores. Mas ainda não basta crer: é preciso crer definida e ativamente em Deus, isto é, confessá-lo com firmeza, e praticá-lo com perseverança.

Assim, desperto no mundo o interessante mundo de Rui Barbosa. A leitura é essencial para compreender o estilo, o que é dos aspectos o mais importante; contudo espero ter ajudado contemporâneos apressados a adquirirem a suma deste nobre saber que pode auxiliá-los tanto no mundo jurídico, como cultura geral que nos instiga a ver o mundo em época nem tão distante e entender problemas reais ou hodiernos, como por exemplo: a ditadura forense.

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