Foto minha!
Por hora, discutiremos a natureza de "O Príncipe"
e suas variedades. Precipuamente, o autor escreve um dado real (não
imaginário), como é relatado na p. 121 do livro que eu parafraseio aqui que é
simplesmente dar o valor ao que existe, ele diz: "muitos escreveram sobre
repúblicas e principados que jamais existiram,", neste caso ele expressa o
que lhe é contrário, o fantástico ou fantasioso, principalmente de Platão.
No início, Maquiavel disserta que os estados ou governos são
repúblicas ou principados (p. 17), para aprofundamento, ele menciona que os
principados são hereditários ou novos. Então o autor cita que não discutirá
sobre as repúblicas por já ter escrito "longamente sobre elas em outro
momento,". Com isso, há o norte da brochura: governo, em especial
monárquico, subdividido em conquistado por herança ou não.
Quanto ao livro, algo implícito no geral é o domínio da
fortuna, o qual pode ser feito por meio da força (leão) ou astúcia (raposa),
friso aqui a passagem: "Portanto, é necessário ser uma raposa para
conhecer os laços e um leão para aterrorizar os lobos.", p. 140, ele
considera a história fantástica da Quíron, que era metade cavalo (animal) e
metade humano e - com isso - o príncipe deveria lidar tanto com os artifícios
da razão humana (raposa), quanto os da força bruta (leão).
Assim, vimos uma pequena noção que tenho da obra, algo que
acrescento pessoalmente é o equilíbrio. Essa doutrina é um ponto comum durante
toda a idade moderna, a qual não se preocupou nem com os fundamentos, nem os
fins, tanto com a escola racionalista francesa de René Descartes e inclusive a
escola empirista britânica com Francis Bacon, todos se dedicaram exclusivamente
aos métodos (uns mais ideais, outros mais materiais); sendo, pois, marca da
época a equidade.
Em exemplo da p. 164, remetendo ao Yin-Yang ele pondera a
hipótese da conquista do governo, no qual são mais fiéis aqueles que não
contribuíram para a tomada do que o contrário. "Pandolfo Petrucci,
príncipe de Siena, governava o seu estado mais por meio daqueles nos quais não
confiava do que pelos outros.", p. citada.
Em outro exemplo, de mesmo conteúdo, marcando a reiteração,
temos a articulação entre formas dualmente expostas de atingir os mesmo
objetivos, "glórias e riquezas", p. 194; "dois homens agindo de
formas diferentes podem alcançar o mesmo efeito, e dois homens que agem
trabalhando de forma semelhante, um pode alcançar o seu objetivo e o outro
não.", p. 195. Neste caso, há o equilíbrio dinâmico, porque pondera a
natureza do meio como irrelevante para atingirmos nossos fins.
Falando de fim, acredito que na p. 142, está a prova
literária da famigerada frase: "Os fins justificam os meios.", está
em uma consideração de que não importa o meio aplicado, o príncipe será medido
pelo resultado atingido. Assim: "julga-se pelos resultados", p. cit.,
"os meios sempre serão julgados honestos," estão umas parciais de
outros temas de onde se abstraem minha exegese.
Para completar, não poderiam passar em branco as
"Crueldades bem usadas" da p. 73, ele discute a variação entre a boa
crueldade e a má crueldade, esta última está "com o decorrer do tempo
aumentam, ao invés de extinguirem.", p. cit.; já a primeira está em
"(se do mal for lícito falar bem)", no momento ele avalia a opinião
pública se gostarão da crueldade tudo bem. O que, para mim, é o cúmulo do maquiavelismo.
Derradeiramente, deixo minha opinião pessoal do livro:
gostei, interessante e instigador. Uma obra clássica, mesmo não sendo tão
antiga quanto Platão e Sócrates, mas que se pretende socialista, por quê?
Porque expõe a realidade social, não se restringindo a hipóteses e
elucubrações. Neste livro, aprendemos seguir esta máxima: "escolher o
menos ruim." p.173.
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