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Este livro abençoa enormemente o cristianismo. Com sua visão
austera e justa, Nietzsche impressiona-nos com seu ódio e vontade de
destruição. Essa é a visão geral do livro que ao criticar a religião, somente
engrandece-a. Ele diz, por exemplo que o cristão é doente, no af. 3, p. 15 e
que "Cristão é o ódio...", af. 21, p. 40. Dentre tantas formas de
ofender nossa religião ele utilizou as mais básicas e inerentes aos costumes
cristãos.
Algo que ele não deve ter notado - considerando o meio
utilizado - é que tudo que o cristianismo quer é ser destruído, ou seja, ir ao
paraíso! E tem infinitas falhas, porque o reino de Cristo ainda não foi
instaurado. "Pois o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça,
paz e alegria no Espírito Santo;" Rm 14:17, com isso tem-se a
constante de O Pequeno Príncipe: "O essencial é invisível aos olhos,"
p. 72.
O que quero dizer é que as vontades do cristianismo e de
"O Anticristo" são as mesmas, qual? O "cristianíssimo", o
que é isso? O fim da chandala (pária, inferioridade), porque todos seriam
brâmanes (sacerdotes, superiores); o fim da antinatureza, porquanto o paraíso
seria a nova natureza! Quanto a isso, trata-se de revolução no pensamento, pois
não haveria discriminações - não por imposições artificiais - mas sim, porque
não haveria o que ser discriminado.
Podemos entender o ódio de Friedrich, quem pretende
desmascarar as fraquezas do cristianismo, contudo essa é a conduta eclesiástica
básica, assim acredito que ele seria muito mais efetivo comungando em uma
igreja. Neste momento, enfatizo a virtude de ambos e como cada um obteria mais
do que deseja unindo-se, o anticristo frequentando o templo, para desmenti-lo e
Cristo ganhando uma ovelha.
Eu, como cristão, só quero contribuir ao anticristianismo (pelo
amor!), previsto em 1 Jo 2, é um comportamento moderno válido de expressão do
individualismo, afinal ninguém é anticristo acompanhado, Nietzsche em suas
"sete solidões" é um bom exemplar disso. Agora, discutimos a
utilidade ou o destino do filósofo do martelo, ele viveu uma vida compatível
com seu estilo e sofreu um surto psicótico por isso, ano seguinte à escrita
deste livro.
No tocante ao finalmente, aquele que quer destruir o
cristianismo deve ser apático, pois todas as emoções são cristãs, por exemplo,
o ódio do autor tinha por finalidade proteger o que ele mais amava: ele mesmo.
Como bom paradigma de satanismo, que só tem a ganhar misturando-se com a
chandala cristã. Ele exerceu muito de sua emoção sozinho, se compartilhasse com
outros, na prática, poderia ganhar muito.
Ele, portanto, dedicou-se a sentir muita raiva do mestre de
Nazaré, especialmente por seu nascimento humilde. E - querendo feri-lo - expressou
todo seu ódio em "O Anticristo", relembremos, pois, o que a Bíblia
fala sobre isso: "Assim, porque és morno, e não és frio nem quente,
vomitar-te-ei da minha boca." Ap 3:16 Só incomoda Deus o inerte, se
o que sentes é frio ou quente, ódio ou amor não interessa, isto agradará a
Deus. Obrigado.
Referência: Nietzsche, Friedrich Wilhelm. O Anticristo: maldição contra o cristianismo.
Porto Alegre, RS: L&PM, 2017. Tradução, notas e apresentação de Renato Zwick. ISBN 978–85–254–1791–6.
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